*** Sanctus...Sanctus...Sanctus ***

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Salmos: 131


1. Senhor, o meu coração não é soberbo, nem os meus olhos são altivos; não me ocupo de assuntos grandes e maravilhosos demais para mim.

2. Pelo contrário, tenho feito acalmar e sossegar a minha alma; qual criança desmamada sobre o seio de sua mãe, qual criança desmamada está a minha alma para comigo.
3. Espera, ó Israel, no Senhor, desde agora e para sempre.

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Quem sustentará a espera que carrega o nosso coração sedento da verdade? E quem nos aplacará a dor dos olhos feridos pela verdade que vai ofertando o Pai, por causa das nossas palavras e gestos de rebeldia que O vão incomodando, obrigando-O assim a abrir a porta da luz para que, ao não incomodarmos mais, possa finalmente repousar um pouco da sua caminhada no nosso meio?

Será que consigo acalmar e sossegar a minha alma que sentiu o Teu toque?

Perdoa-me, mas não consigo acolher de maneira nenhuma as palavras do Rei David, não posso, não consigo, impossibilidade que não controlo em mim, empurrado que sou para os extremos dos abismos da sofreguidão de avançar mais e mais até tocar o teu rosto ó Pai. Sem esse toque, serei orfandade eterna, dor acolhida nos homens que são meus irmãos, teus filhos, sim, pede-me tudo mas esse resto de pão, não posso atirar fora da minha barca da alma, não suportaria as águas dos abismos da escuridão.

Quem!? Busca alguma criança que não chore nos seus gritos mais fortes por aquilo que deseja ou precisa? Quem, mostra-me ó rei David, e então ficarei silencioso.

Criança que silenciou, ou encontrou alimento e dorme tranquila, ou já partiu para a casa do Pai. Infelizmente ainda somos crianças famintas, e essa realidade não se compadece com a nossa espiritualidade forjada ou roubada nos nossos gestos ou das palavras dos outros, talvez para aplacar a fome. Não, inutilidade será; alimento que não nasça da terra onde nasce a origem da Palavra não presta, quando muito pode remediar, mas o faminto voltará ao seu próprio vómito como os cães, tal a fome que ficou nos caminhos por onde recolheu o fruto.

Assim como a dureza das palavras aqui pronunciadas por este barro, mais duros são os gestos dos fortes, que empurram o mais frágil na ânsia de conseguir primeiro o alimento! Por estes,  que ficam desarmados, na fragilidade que lhes deixaram nos caminhos da vida, por estes ó Pai, eu peço e me ocupo de “assuntos” que podem custar a minha própria alegria e segurança, sim, nem que para isso lute contra a própria omnipotência que te vigia os caminhos da aurora da verdade. Como Moisés, posso não chegar a ver a terra da promessa, mas contentar-me-ei em levar e dirigir até Ti, ó Pai, o povo que me colocaste no coração, os meus irmãos homens e mulheres.

Por estes, eu não esperarei como Israel, não descansarei até reconstruir um novo Israel, onde não mais haverá famintos e perseguidos.

Por estes, eu te peço ó Pai, que nos guies até à terra prometida, a verdade que libertará o teu povo definitivamente.

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