Quando Isabel ouviu a
saudação de Maria, a criança agitou-se no seu ventre; e Isabel ficou cheia do
Espírito Santo". (Lucas.1,41)
Aquelas que já sentiram a
dor-alegria, provocada pelos movimentos de um filho no seu ventre materno,
essas certamente saberão explicar o sentido da palavra Mãe.
A nós, seus filhos,
resta-nos apenas ao olhar os seus rostos, abraçar as suas almas, num abraço
eterno de amor.
Maria de Nazaré, também ela
foi mãe. E também como todas as mães, recebeu esse abraço eterno de amor. Não
um amor apenas humano, mas da própria fonte do Amor, que a elegeu para gerar no
seu seio, o Filho amado, Jesus Cristo.
Maria, na sua condição de
mulher, doou-se aos outros na sua maternidade, mas, ao conceber, a sua
humildade tornou-se ao mesmo tempo grandiosidade, porque soube ser humilde. No seu
silêncio, ocultava a origem do filho que trazia em si, o próprio Filho de Deus.
Ela sabe mesmo que um dia O
irá perder, mas, ainda assim, aceita num "Sim, faça-se", o gerar
eterno do Amor, aquele amor que irá um dia salvar a Humanidade. Eis, pois, porque
a própria humanidade, caminha hoje ao seu encontro, num aprender intenso, dessa
escola de amor, que foi o lar de Nazaré. E é precisamente em Nazaré, que toda a
orfandade dos homens é acolhida e amada no seu próprio Filho. Quantos já não
passamos por essa experiência, que é ver partir para a casa do Pai, a mãe que
nos gerou e amou! Plasmar no papel esse sentimento, creio ser impossível! Os
sentimentos vivem-se ou sentem-se, não se classificam nas palavras. Eles
dialogam somente na linguagem do coração, pois é ai que têm morada!
Por isso, caminhamos ao
encontro de Maria, quem melhor do que Ela aos pés da cruz, para compreender a
linguagem dos órfãos! Quantas vezes, ao peregrinar no espaço do santuário de
Fátima, olhava para aquela cruz, alta, rude e ao mesmo tempo imponente, e do
outro lado, sentia o olhar de Maria!
Quantas vezes, sentia
naquele encontro de olhares, toda a dor que deles brotava, num paradoxo da
morte que gere a vida! Naquela humilde capela, apenas uma pequena luz, ilumina
a presença do Filho, sob o olhar atento e silencioso da Mãe, como nos
Evangelhos. Quantas vezes, buscava naquele olhar, as respostas que não
encontrei! Apenas o seu silêncio, como que um grito ao mundo, esse porto dos
nossos egoísmos! Somente um sussurro, que transportava no vento que passava,
aquelas palavras do Evangelho:"Fazei tudo quanto Ele vos disser".
(João.1,5)
Fazei. Faça-se. Têm-se
escrito imensos livros sobre a mensagem de Maria! Será que ainda não percebemos
que a verdadeira mensagem, aquela que Maria sempre nos indicou, é tão-somente a
obediência ao Filho? Só através dessa obediência honraremos o Pai. Precisamos
escrever menos e escutar mais a Maria, que apesar de ser a Mãe do Filho de
Deus, continua escondida, discreta, mostrando-nos o CAMINHO, que é o único caminho,
o seu Filho.
Para Ela, nada mais deseja,
ainda que, como seus filhos, filiação selada naqueles derradeiros momentos da
cruz, nas palavras do Filho:"Mulher, eis aí o teu filho,... Eis aí a tua
Mãe" (João.19,26-27), tenha nascido um grande amor nos corações daqueles
que sofrem como ela sofreu, e amam como Ela amou. Maria estará sempre presente
entre nós, ainda hoje, como Isabel sua prima, toda a Humanidade poderá dizer: E
donde me provém isto a mim, que venha visitar-me a Mãe do meu Senhor?"
(Lucas.1,43)