“De que lado habita a luz? Qual é
o lugar das trevas, para que as conduzas ao seu domínio e lhes mostres as
veredas da sua morada? Deverias sabê-lo. Job,38.19-21.
Como?
Abba Abba, como? Caminhamos sem saber para onde, como. Algo nos alcança,
pancadas mortas no asfalto, sons fugidos no vento que passa e ultrapassa o
nosso espaço de vida.
Madrugada,
silêncio violado. O grito ecoa abafado nas pedras dos caminhos, caminhos que já
acolheram a tantos. Buscaram como agora nós, o palpável, que lhes
possibilitasse lançar a âncora ao incerto, essa intemporalidade que não
conseguimos abraçar; “Porque razão o Omnipotente não fixa os seus
tempos”? Job, 24.1. É como se
fora o nosso próprio grito que sai rude da alma, qual desafio à Presença “Mas
poderá aquele que cai, não estender a mão, e aquele que perece não pedir
socorro”? Job,30.24.
“Ah! Se pudesse pesar a minha aflição”! Job,6.1; essa carga dos
derrotados pelo próprio medo que empurra aos abismos da palavra, dos silêncios
que sufocam a própria Ira! “Queres então assustar uma folha levada pelo
vento e perseguir uma folha ressequida...? Job,13.25; “Deixa-me só para que
possa ter um pouco de conforto” Job,10.19. É o nosso grito o grito que
se esvazia em nós, como a própria vontade de respirar, é como se desistíssemos
da vida, do encontro.
O
último gesto, esse gesto dos moribundos do amor e da graça que amarrada à
impossibilidade do próprio AMOR, quer continuar presente, silencioso,
estendendo a mão.
O
parto aproxima-se rapidamente, e o ventre, essa mãe igreja, ainda não está
preparado para acolher a Primavera do Espírito. Oh Mãe que te envaideces nas
poeiras que cobrem o rosto dos santos que dormem em ti, prepara-te, que as
dores geradas na própria DOR já se aproximam na sombra da cruz.
“O
Senhor mo deu, o Senhor mo tirou; bendito seja o nome do Senhor” Job,1.21
Tempo do ENCONTRO. Tempo de calar. Tempo do Pai.
Abraço-vos no PAI.
1 comentário:
Na sombra da cruz desponta já o Cordeiro vitorioso...
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